Tudo que apresenta
resultado diferente do desejável pode ser considerado problema, seja quando
identificamos uma peça com defeito ou quando um processo não funciona.
Todas as empresas
apresentam problemas que impedem o alcance de melhores resultados ou aumento da
qualidade de seus produtos e serviços. É preciso entender que não existem
culpados para estes problemas e sim causas que precisam ser analisadas.
Para solucionar os
problemas são necessárias análises da relação entre a característica da falha e
as possíveis causas desta, buscando em seguida, traçar ações que mitiguem ou
eliminem definitivamente tal problema.
O sucesso dessas
análises baseia-se em uma estratégia padronizada e estruturada, de forma a
realização de ciclos contínuos de melhoria, repetidas vezes e quantas vezes
forem necessárias.
Na década de 80, Hitoshi
Kume descreve com muito mais detalhe e precisão o método QC-Story. O autor
desdobra um processo de solução de problemas em passos menores, dando mais
distinção a cada atividade. Esse cuidado permite compreender melhor o que deve
ser feito em cada etapa, e as ferramentas que precisam ser utilizadas em cada
situação.
No Brasil, a introdução
do QC-Story na literatura foi feita por Vicente Falconi Campos que publicou em
um apendice de seu livro TQC no Estilo Japonês as tabelas formatadas contendo
uma síntese da descrição do método de Kume. As tabelas foram elaboradas por
engenheiros da Cosipa, conforme descrito no livro. O método apresentado pelo
autor é denominado Método de Solução de Problemas – MSP – mas ele se
popularizou como Método de Análise e Solução de Problemas – MASP. O MASP
contém oito etapas e, tal qual o método de Kume, também subdivide-se em
passos. Não há
dúvida que o MASP deriva do QC-Story. Embora não ressalte as diferenças nos
passos ou subpassos das abordagens, Vicente Falconi Campos afirma que o Método
de Solução de Problemas apresentado por ele “[...] é o método japonês da JUSE
(Union of Japanese Scientists and Engineers) chamado ‘QCStory’.”
Assim, o MASP é um
método prescritivo, racional, estruturado e sistemático para o desenvolvimento
de um processo de melhoria num ambiente organizacional, visando solução de
problemas e obtenção de resultados otimizados. O MASP se aplica aos problemas
classificados como estruturados, cujas causas comuns, as soluções sejam
desconhecidas e que envolvam reparação ou melhoria, ou performance e que
aconteçam de forma crônica. Pode-se perceber que, para serem caracterizados da
forma acima, os problemas precisam necessariamente apresentar um comportamento
histórico. Devido a esse fato, o MASP se vale de uma abordagem reativa (ORIBE
2012)
Então, o que seria o
MASP?
Simplificando,
poderíamos dizer então que o MASP, ou Método de Análise e Solução de Problemas,
é o procedimento, ou a padronização, ou ainda a estruturação de uma série de
ferramentas analíticas, que podem ser utilizadas repetidamente nos processos,
com o objetivo da melhoria contínua, a fim de solucionar problemas.
O MASP se baseia na
obtenção de dados que justifiquem ou comprovem fatos previamente levantados e
que comprovadamente causam problemas.
Posso citar aqui trechos
conhecidos a respeito do tema como por exemplo, Arioli (1998), citando que o
MASP é uma ferramenta aplicada de forma sistemática contra uma situação
insatisfatória ou para alcance de um objetivo de melhoria. Estas situações são
identificadas, eliminadas ou melhoradas, através de etapas pré-determinadas,
com base no ciclo PDCA, e mais, afirma ainda que o MASP funciona como uma
ferramenta eficiente para gerar melhorias, envolvendo um grupo de pessoas para
tomar decisões, visando à qualidade dos produtos e serviços, ou então, Sampara
(2009), afirmando que o objetivo do MASP é elevar a probabilidade de solucionar
um problema, onde a solução é um processo que segue uma sequência lógica e
racional.
Quanto aos problemas,
Campos (2004) cita que são anomalias indesejáveis nos processos produtivos e
isso é extremamente prejudicial para qualquer ambiente produtivo, pois oneram
em grandes custos para uma empresa. Desta forma, o MASP surge com um objetivo
principal de eliminar a possibilidade de reincidência de uma determinada
anomalia, agindo sempre de acordo com a filosofia da melhoria continua.
Quando podemos
considerar a aplicação do MASP?
A resposta é simples,
quando sintomas da existência de problemas aparecerem, sejam eles qual e onde for!
Sintomas como: baixa
produtividade, redução da qualidade dos produtos, aumento das reclamações de
serviços prestados, aumento do número de acidentes, aumento de horas de
máquinas paradas, percepção de desmotivação das equipes, aumento do retrabalho,
perda de mercado, etc. Poderia citar muitos outros, mas cada gestor é capaz de
identificar tais sintomas.
O MASP é uma maneira
sistêmica de se tratar duas situações básicas que podem exigir tomada de
decisão (AGUIAR 2004):
1. Sempre que haja uma
situação insatisfatória, um desvio do padrão de desempenho esperado ou de um
objetivo estabelecido, e que se reconheça a necessidade de corrigir.
2. Sempre que haja uma
oportunidade de melhoria ou que surjam alternativas de ação a escolher,
independente da existência de uma situação insatisfatória.
Estas duas situações,
conforme Arioli (1998), são tratadas através do MASP, utilizando-se de ferramentas
da qualidade como: Pareto, Histograma, Cartas de Controle, entre outros, de uma
maneira sequencial e padronizada, com o seguinte ciclo: descrição, análise,
providência, decisão, implementação, padronização e retroalimentação.
O Método de Análise e
Solução de Problemas é peça fundamental para que o controle da qualidade possa
ser exercido.
A finalidade do MASP é
resolver problemas, satisfazendo as pessoas e obtendo resultados em curto
prazo. Porém, algumas condições devem ser observadas para a sua correta
implementação: a gerência deve estar aberta à participação de todos os
funcionários, onde o trabalho em equipe é fundamental para o sucesso deste
método (AGUIAR 2004).
Apenas para adiantar,
segue uma pequena lista das ferramentas do MASP que ainda serão abordadas nas
próximas postagens do blog:
- Brainstorming;
- Diagrama de afinidades;
- Diagrama de relações;
- Diagrama de causa e
efeito;
- Fluxograma;
- Estratificação;
- Coleta de dados,
folhas de verificação;
- Analise de
correlação e regressão;
- Gráficos sequencial;
- Gráfico de Pareto;
- Gráfico de dispersão;
- Histograma;
- Diagrama de árvore;
- Diagrama de matriz e
diagrama de matriz de priorização;
- Distribuição de
frequências;
- Diagrama de processo
decisório;
- Diagrama de atividades;
- 5W2H;
- Curva de Gauss,
probabilidades na curva normal;
- Capacidade dos
processos, índices cp, cpd, cpe, cpk;
- Carta de controle;
- Métricas do seis sigma
DMAIC;
- FMEA.
Ainda teremos muito a
falar sobre MASP, espero que a leitura tenha sido agradável. Acompanhe nossas
próximas postagens, acesse e dê sua opinião.
Otimo artigo Thiago lembrando também que o MASP também é conhecido como 8D Report ou Global 8D(essas 2 terminologias sendo muito usadas na Indústria Automobilística).Trabalhei um bom tempo com MASP em análise de falhas numa fase inicial de implantação de Engenharia de Manutenção e PCM.Como ferramenta inicial apresenta bons resultados mas é desejável a evolução para outras técnicas (como FMEA) de acordo com a Estratégia de Gestão de Ativos da organização.
ResponderExcluirAtt
Thiago Querino
Concordo com você Thiago, o MASP é uma excelente técnica e tem muitas ferramentas, mas não resolve todos os problemas da manutenção, sempre é preciso evoluir e migrar para outras como o RCM ou TPM, por exemplo!
ResponderExcluirObrigado pela contribuição, espero que possa continuar acompanhando as postagens e participando expondo seu conhecimento e opinião! Sucesso!
Amigo, este trecho do artigo também é de minha autoria. Pediria a gentileza de fazer a devida referência. Obrigado.
ResponderExcluir"No Brasil, a introdução do QC-Story na literatura foi feita por Vicente Falconi Campos que publicou em um apendice de seu livro TQC no Estilo Japonês as tabelas formatadas contendo uma síntese da descrição do método de Kume. As tabelas foram elaboradas por engenheiros da Cosipa, conforme descrito no livro. O método apresentado pelo autor é denominado Método de Solução de Problemas – MSP – mas ele se popularizou como Método de Análise e Solução de Problemas – MASP. O MASP contém oito etapas e, tal qual o método de Kume, também subdivide-se em passos. Não há dúvida que o MASP deriva do QC-Story. Embora não ressalte as diferenças nos passos ou subpassos das abordagens, Vicente Falconi Campos afirma que o Método de Solução de Problemas apresentado por ele “[...] é o método japonês da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers) chamado ‘QCStory’.”
ORIBE, Claudemir Y. Muita gente usa, mas poucos conhecem a história do mais popular e consagrado método de solução de problemas de qualidade – o MASP. Revista Banas Qualidade, São Paulo: Editora EPSE, n. 231, agosto 2011.
ExcluirORIBE, Claudemir Yoschihiro. Quem Resolve Problemas Aprende? A contribuição do método de análise e solução de problemas para a aprendizagem organizacional. Belo Horizonte, 2008. Dissertação (Mestre em Administração). Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.