quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os 8 Pilares do TPM


Nesta nova postagem conheceremos de maneira simplificada, cada um dos pilares do TPM.
  
1º pilar: MELHORIAS INDIVIDUALIZADAS (ESPECÍFICAS):
Pilar com foco na identificação de perdas em todos os passos do processo industrial, desde a produção propriamente dita até o estoque e logística. Busca contínua do chamado “Lean Way” minimizando as perdas da cadeia produtiva.
Por se tratar de uma visão detalhista de um número imenso de processos internos, este passo deve ser realizado por pequenos grupos pertencentes aos processos estudados, contendo preferencialmente seus responsáveis e os conhecedores das atividades.
As propostas encontradas por estes grupos devem ser claras e objetivas, descritas em um plano de ação contendo seus respectivos responsáveis e prazos.
A Melhoria individual (Kobetsu-Kaizen) é utilizada para extinguir completamente as oito grandes perdas que reduzem a eficiência global do equipamento (OEE = Overall Equipment Effectiveness), citado na postagem anterior.

O Kaizen se desenvolve em 10 etapas:
Etapa 1: Identificar e esclarecer os objetivos (Selecionar piloto);
Etapa 2: Organizar as equipes de projeto;
Etapa 3: Detectar as perdas atuais da empresa;
Etapa 4: Definir as metas e o tema Kaizen;
Etapa 5: Desdobrar o plano Kaizen;
Etapa 6: Criar estratégia de implementação (abrir, avaliar e analisar as contramedidas);
Etapa 7: Implementar o Kaizen;
Etapa 8: Revisar resultados / Confirmar os efeitos;
Etapa 9: Padronizar e implementar um plano de controle (Evitar retrabalho);
Etapa 10: Repetir na horizontal.

Para a implantação das melhorias individuais (Kaizen), utilizam-se 3 importantes ferramentas: o método dos sete passos, a análise PM e a análise de porquês (5).


2º pilar: MANUTENÇÃO PLANEJADA:
Após a identificação das grandes perdas, passamos a enxergá-las agora como oportunidades.
A Manutenção Planejada foca inicialmente a elaboração e/ou alteração de planos de manutenção dos equipamentos, detalhando o nível e os tipos de manutenção empregados para cada equipamento. A criação e/ou alteração destes planos depende do conhecimento técnico e experiência dos mantenedores e gestores, pois deve ocorrer o direcionamento das atividades baseado naqueles identificados como críticos ao processo (através de uma Matriz de Criticidade ou Controle de Perdas, por exemplo).
Quando a etapa Manutenção Planejada funciona, a confiabilidade dos equipamentos é diretamente afetada, apresentando sensível aumento percentual.

Filosofia da Manutenção Planejada:
Conhecimento das perdas decorrentes das falhas de equipamentos e as mudanças de mentalidade das áreas de produção e manutenção, minimizando as falhas e defeitos.

Produção:
- Observação das condições básicas do equipamento (limpeza e lubrificação);
- Manutenção das condições operacionais, evitando que o equipamento reinicie o processo de deteriorização;
- Restauração das deteriorações por meio de inspeções e antecipação da falha, atuando ainda no defeito;
- Crescimento operacional com o aprimoramento dos conhecimentos de operação dos equipamentos.

Manutenção:
- Apoio técnico as atividades de MA desenvolvidas pela operação/produção;
- Feedback de informações e garantia da restauração dos equipamentos através do processo manter, por meio de inspeções de rotina e execução dos planos de manutenção;
- Descobrimento de falhas de projeto e esclarecimento das condições operacionais;
- Aprimoramento dos conhecimentos de manutenção.

Etapas da Manutenção Planejada:
Etapa 1 - Avaliação e levantamento da situação atual dos equipamentos (ou do equipamento piloto):
Etapa 2 - Reparo das deteriorações e melhorias dos pontos deficientes;
Etapa 3 - Estruturação do controle de informações e de dados;
Etapa 4 - Estruturação da Manutenção Preventiva;
Etapa 5 - Estruturação da Manutenção Preditiva;
Etapa 6 - Estruturação da Manutenção Detectiva.


3º pilar: MANUTENÇÃO AUTÔNOMA (Jishu Hozen):
 Este pilar foca a melhoria da eficiência dos equipamentos, contando com a participação direta dos operadores, desenvolvendo sua capacidade e percepção quanto a pequenos reparos, lubrificação e inspeções, buscando manter as condições do equipamento de acordo com os padrões estabelecidos e se antecipando a possíveis defeitos ou falhas.
A introdução da Manutenção Autônoma (em japonês "Jishu-Hozen") torna os operadores aptos a desenvolver e melhorar de forma eficiente o seu próprio ambiente de trabalho, contribuindo desta forma para a redução de perdas, aumentando os índices de produtividade e qualidade de produção.

A proposta da manutenção autônoma é mudar o conceito dos colaboradores (operadores) de linha de que “eu opero”, “você concerta”, para o conceito de que “do meu equipamento cuido eu” (YAMAGUCHI, 2004).

As etapas de implantação da MA:

Etapa 0: Preparação (5S);
Etapa 1: Limpeza e inspeção;
Etapa 2: Medidas contra fontes de sujeira e locais de difícil acesso;
Etapa 3: Elaboração de padrões provisórios de limpeza, inspeção e lubrificação;
Etapa 4: Inspeção geral;
Etapa 5: Inspeção autônoma;
Etapa 6: Padronização;
Etapa 7: Efetivação do controle autônomo.

A implantação efetiva da Manutenção Autônoma reduzirá consideravelmente a probabilidade de ocorrer defeitos ou falhas. A ampliação da capacidade do operador em detectar de forma antecipada possíveis anomalias e a reação rápida contra esses desvios garante a longevidade dos equipamentos e a efetividade do trabalho de Manutenção Autônoma.
Apesar de toda a dedicação e aumento do conhecimento por parte dos operadores, para situações em que o defeito ou falha exige um conhecimento profundo do equipamento, não sendo possível a solução pelo próprio operador, é preciso estar claro que o registro e a comunicação com os mantenedores devem ocorrer com a mesma agilidade a fim de evitar ou minimizar interrupções no processo.


4º pilar: EDUCAÇÃO E TREINAMENTO:
Este pilar tem como objetivo o desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos para as equipes de manutenção e operação, principalmente, apesar de entender que a disciplina do TPM deve ser abraçada desde a alta gerência, de forma que novas idéias e melhorias possam surgir naturalmente durante a implantação do processo.

É fundamental a capacitação do operador, através de cursos e palestras, para que ele possa conduzir a manutenção sem receio de cometer erros.

As habilidades são classificadas em 5 fases:
1. Não sabe: falta de conhecimento. Não há compreensão de princípios e regras do trabalho e do equipamento;
2. Conhece a teoria: falta de treinamento. Conhece os princípios e regras do trabalho e equipamento, mas não consegue praticá-los;
3. Consegue até certo ponto: age na prática, mas o desempenho é dispersivo e não possui reprodutividade. A causa é a falta de treinamento;
4. Consegue com segurança: aprendeu fazendo, o grupo já aprendeu perfeitamente;
5. Consegue ensinar os outros: domínio perfeito. A habilidade está totalmente dominada, consegue explicar os porquês.

Habilidades solicitadas aos operadores:
- Identificar e aprimorar fontes de pequenos defeitos e possíveis falhas;
- Compreender as funções e os mecanismos do equipamento e encontrar as possíveis causas do problema;
- Compreender a relação existente entre equipamento e qualidade do produto final;
- Conseguir consertá-lo (com o auxílio do mantenedor);
- Desenvolver Kaizen individual de temas do trabalho.

Habilidades solicitadas aos mantenedores:
- Instruir a correta operação e manutenção de rotina do equipamento;
- Reconhecer se funcionamento do equipamento está normal ou não;
- Analisar causas de anomalias e implantar métodos de restauração corretos;
- Aumentar confiabilidade dos equipamentos, componentes e peças;
- Atingir objetivos econômicos dessas atividades.

As atividades de educação e treinamento são parte de seis etapas:
1. Definir políticas básicas de educação e treinamento;
2. Treinamento para adquirir habilidades de operação e manutenção;
3. Aprimoramento das habilidades de operação e manutenção;
4. Estabelecimento e início do desenvolvimento e treinamento de habilidades;
5. Consolidação do ambiente de desenvolvimento voluntário;
6. Avaliação das atividades e estudo de abordagem futura.

Não se deve esquecer que a motivação é um fator importante no treinamento e na promoção dos indivíduos.


5º pilar: CONTROLE INICIAL:
 O pilar Controle Inicial está intimamente ligado a aquisição de novos equipamentos, modernização de processos e sistemas, baseando-se em experiência adquirida e aplicando a tais projetos.
O foco é elaborar projetos que não contemplem problemas ou inconvenientes vividos, ou ainda projetos que já contemplam as melhorias necessárias à solução dos problemas conhecidos, evitando o máximo de perdas e desperdícios de qualquer natureza, onde já onde se torne efetivo o conceito PM (Prevenção da Manutenção), buscando resultados em máquinas com quebra ou falha zero.
A etapa de gerenciamento de produtos deve ser feita em vários grupos de trabalho que assumem tarefas específicas dentro do projeto e utilizam modernas ferramentas de controle e gerenciamento de projetos durante todo o ciclo de desenvolvimento do produto.

O pilar de controle inicial além de elaborar o projeto pensando no equipamento, ele também busca a implantação de um novo projeto pensando na integração entre homem máquina, levando em conta a condição ambiental e condição de produção (BRITTO, 2003).

Custo do Ciclo de Vida (CCV – Life Cycle Cost ou LCC)
O TPM objetiva alcançar o máximo rendimento operacional global das máquinas, o que significa minimizar o CCV. Este é custo total gerado no processo de projeto, desenvolvimento, produção, operação, manutenção e apoio.

Os seguintes procedimentos são recomendados para início das atividades de controle inicial de produtos e equipamentos:
1. Pesquisa e analise da situação atual;
2. Estabelecer o sistema de controle inicial;
3. Depuração e treinamento do novo sistema;
4. Utilização completa e fixação do sistema.


6º pilar: MANUTENÇÃO DA QUALIDADE:
 O pilar Manutenção da Qualidade (Hinshitsu Hozen) tem como objetivo atuar na eliminação das perdas relativas à qualidade do equipamento, estabelecendo condições nos equipamentos que não produzam defeitos no produto final.
Nesta etapa é necessário que o monitoramento ocorra regularmente, a fim de realizar um comparativo com as condições de projeto, traçando assim um quadro evolutivo das condições operacionais em que a intervenção aconteça antes do alcance dos limites definidos pela equipe de manutenção, antecipando-se a possíveis falhas. A idéia básica é assegurar a continuidade e o aprimoramento de um alto nível de qualidade através da manutenção efetiva dos equipamentos.
O papel do pilar da qualidade é analisar máquinas, materiais, mão de obra e métodos (4Ms) rigorosamente, para identificar e manter condições que não permitam defeitos, pois são destes 4 Ms que surgem possíveis defeitos a qualidade do produto.

Condições preliminares para a Manutenção da Qualidade.
1. Eliminação da deterioração forçada;
2. Conhecimento do equipamento por todos os funcionários;
3. Zero falhas no equipamento;
4. Projeto de Manutenção de novos produtos e equipamentos.

Dez etapas para a Manutenção da Qualidade:
1. Confirmação do estado atual;
2. Pesquisa dos processos que geram defeitos e obstruem a qualidade;
3. Pesquisa e análise das condições da fábrica;
4. Estudar medidas de combate de “Fuguais” (pequenas perdas);
5. Analisar as condições para produtos não defeituosos que não estão confirmadas;
6. Melhorar Kaizen de defeitos;
7. Definir as condições da fábrica;
8. Aprimorar método de verificação;
9. Decidir o valor do padrão de verificação;
10. Revisar o padrão.


7º pilar: TPM OFFICE (ADMINISTRATIVO):
 O pilar TPM Office ou Administrativo tem como objetivo a redução das perdas nos processos administrativos, eliminando os retrabalhos e atividades que não agregam valor, gerando aumento na eficiência do negócio, a filosofia do TPM também indica o controle de todos os tipos de perdas, da mesma forma que aquelas originadas dentro do sistema logístico da empresa na linha de produção.
Nestes setores pode ser otimizado todo o fluxo de informações, de modo que exista uma eficiência em comunicação entre a parte administrativa e técnica da empresa.

As atividades TPM no escritório:
· Atingir resultados concretos;
· Lidar com o escritório como uma fábrica;
· Aplicar técnicas TPM para equipamentos no escritório;
· Definir o setor e estabelecer metas;
· Implantar com base em 3 pilares:
- Kobetsu Kaizen (Melhorias Individual) no setor e entre os setores;
- Atividades Jishu Hozen (Manutenção Autônoma) para escritório;
- Educação e Treinamento

Etapas da Manutenção Autônoma no Escritório:
Etapa 1 – Limpeza inicial;
Etapa 2 – Identificação de problemas:
a) Análise de função;
b) Análise horas-homem;
c) Análise de fluxo;
Etapa 3 – Medidas de Kaizen;
Etapa 4 – Padronização;
Etapa 5 – Atividades de trabalho e gerenciamento autônomo.

Atividades de melhoria individual:
São dois métodos para aplicação do Kobetsu Kaizen. O primeiro consiste em abordar as várias perdas através do exame do estado atual e eliminá-las. O outro método consiste em estabelecer um esboço do escritório ideal e tentar alcançá-lo através de um projeto.


8º pilar: TPM ECO (SEGURANCA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE):
 O pilar TPM ECO ou simplesmente Segurança, Saúde e Meio Ambiente, tem como objetivo principal a busca de "zero acidente” através da segurança e máxima saúde e bem estar do colaborador, além da busca de processos produtivos que não afetam ou que minimizam o impacto ambiental.
A observação das leis trabalhistas, bem como o respeito às normas de gestão e legislação ambiental, são pontos relevantes e que devem ser considerados para melhorar os índices de qualidade referentes a estes setores da empresa em fase de implantação da política TPM.

Uma ferramenta utilizada por este pilar e que também é associada a toda a estrutura da TPM é o chamado “5S”, criada no Japão por Kaoru Ishikawa, esta ferramenta recebeu este nome devido à utilização de cinco sensos básicos e fundamentais para qualquer atividade a ser realizada dentro de uma empresa. Também conhecida como housekeeping, esta ferramenta consiste em incorporar na empresa e em seus colaboradores estes cinco sensos que levarão a uma otimização das tarefas levando em conta as bases deste pilar que são a segurança, a higiene e o meio ambiente (Cagliume, 2008).


Encerramos aqui as definições sobre TPM, na próxima postagem será mostrada uma sugestão das Etapas de Implantação do TPM.  Acesse, acompanhe, discuta, sua opinião é sempre bem vinda!

6 comentários:

  1. Olá, Thiago!

    Estou estudando sobre TPM e tenho me esbarrado na seguinte questão: São 5 ou 8 pilares da TPM?

    Por favor, preciso deste esclarecimento com uma certa urgência. Se puder me responder ainda hoje, ficarei muito agradecido.

    Grande abraço, amigo e parabéns pelo brilhante trabalho!

    Att,
    Ronaldo Cardoso

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Ronaldo Cardoso, primeiramente agradeço pela participação e acompanhamento do nosso blog.
      Esta é uma dúvida muito comum, pois muito material no mercado ainda mostra somente 5 Pilares. Para responder sua pergunta diretamente seriam 8 pilares, mas deixo aqui um pequeno trecho da história do TPM, publicado aqui mesmo no blog no dia 23/10/2012. Para maior detalhamento baixe todo o publicado sobre TPM na aba "Mídia" ou acessando o link:http://brasilengenhariademanutencao.blogspot.com.br/2012/12/download-de-artigos.html

      Desde a sua introdução na Toyota Nippondenso até os dias atuais, toda a metodologia TPM tem passado por profundas mudanças estruturais, as quais são fortemente dependentes da presença de todos os desenvolvimentos tecnológicos com o decorrer dos anos. Assim, a filosofia do TPM pode ser subdividida em TPM de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração.

      1ª Geração:

      Baseada em "5 pilares" fundamentais, com foco direto na linha de produção industrial com o objetivo de reduzir em "zero" as perdas nos equipamentos envolvidos no processo de produçãoindustrial. No início do TPM as ações para maximização da eficiência global dos equipamentos focavam apenas as perdas por falhas e em geral eram tomadas pelos departamentos relacionados diretamente ao equipamento;

      2ª Geração:

      A partir da década de 80, desenvolvida com base em "8 pilares" fundamentais para ser aplicada em toda a estrutura da empresa, foca reduzir todas as suas perdas em zero. O objetivo de maximização da eficiência passa a ser buscado por meio da eliminação das seis principais perdas nos equipamentos divididas em: perda por quebra ou falha, perda por preparação e ajuste, perda por operação em vazio e pequenas paradas, perda por velocidade reduzida, perda por defeitos no processo e perda no início da produção;

      3ª Geração:

      A partir do final de 80 e início da década de 90, baseada também em 8 pilares e tem como principais fundamentos a redução de custos em toda a empresa, sendo que a manutenção dos equipamentos de produção é realizada com base em estudos de "confiabilidade" através de probabilidades estatísticas. Esta geração possibilitou uma sensível melhoria na capacidade produtiva, na qualidade e nos prazos de entrega das empresas, isto é, uma otimização de toda a logística de produção industrial "Supply Chain Management";

      4ª Geração:

      A partir do ano de 1999, considera que o envolvimento de toda a organização na eliminação das perdas, redução dos custos e maximização da eficiência ainda é limitado. Essa geração contempla uma visão mais estratégica de gerenciamento e o envolvimento também de setores como comercial, de pesquisa e desenvolvimento de produtos, para eliminação de 20 grandes perdas divididas entre processos, inventários, distribuição e compras.

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  2. olá, quais são os passos para implementar MP, tal qual existem na MA ? Temos como correlacionar os mesmos?

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  3. Parabéns pelo conteúdo e compartilhamento de conhecimento. Abraços

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  4. Boa noite! Vou fazer parte de um pilar o 4 Educação e Treinamento em minha empresa e quero contribuir muito, gostaria de saber de forma posso ajudar para que isso aconteça

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